"FRELIMO Não Pode Nos Chamar de Estúpidos", Diz Edson Cortez
Em uma análise
contundente sobre o cenário político actual em Moçambique, Edson Cortez, activista
e director do Centro de Integridade Pública (CIP), fez declarações fortes a
respeito do processo eleitoral e das tensões subsequentes.
Durante uma entrevista
recente, Cortez destacou a insatisfação crescente da sociedade moçambicana com
o que ele considera ser um regime que não dá espaço ao diálogo e desrespeita a
vontade popular.
Para Cortez, é
"tecnicamente impossível" que a Frelimo tenha vencido nas 10
províncias do país, considerando o elevado nível de descontentamento popular.
Ele argumenta que os
resultados apresentados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e ratificados
pelo Conselho Constitucional carecem de legitimidade e reflectem um processo
eleitoral marcado por irregularidades.
"Não há como
acreditar que, com o estado de descontentamento que vemos, a Frelimo tenha conquistado
todas as províncias", afirmou.
O activista também
criticou a resposta violenta às manifestações populares que ocorreram após o
anúncio dos resultados, mencionando o assassinato de opositores políticos e a
repressão policial que já tirou a vida de mais de 130 pessoas.
Ele classificou esses
eventos como trágicos e questionou a posição da comunidade internacional:
"Será que a União Europeia, os Estados Unidos e outros financiadores do
governo moçambicano reconhecerão este governo como legítimo, apesar de tudo o
que aconteceu?"
Cortez ainda comparou a
discrepância no tratamento de tragédias internacionais e locais, mencionando a
comoção global em casos de ataques na Europa enquanto mortes em Moçambique,
relacionadas ao processo eleitoral, são tratadas com relativa indiferença.
"Parece que as vidas dos moçambicanos valem menos que as dos
europeus", lamentou.
Em tom de apelo, ele
afirmou que o momento exige dos moçambicanos uma reflexão séria sobre como
reorganizar o país e buscar soluções internas. Para ele, continuar como está é
insustentável: "Viver como vivemos nos últimos anos não dá mais.
Precisamos ser ouvidos e tratados com respeito."